A raiva é uma das emoções básicas do ser humano e impulsiona o indivíduo a eliminar o que está sendo entendido como um obstáculo para ele, e isso também acontece com as crianças, por isso que na maioria das vezes, aquela criança que está apresentando um comportamento agressivo, na verdade, só está externalizando seus sentimentos da melhor forma que sabe, como um pedido de ajuda, uma tentativa de modificar algo que a esteja incomodando ou que esteja sendo difícil dela lidar.

Mas como vocês podem auxiliar seu filho (a) a lidar com a raiva?

Quando se identifica a raiva em uma criança, normalmente, o comportamento dos responsáveis é de querer reprimir esses sentimentos como sendo algo que está errado. Porém, será que é o certo a se fazer? 

Quando essa reação dos pais ocorre, em geral ela acaba por levar a criança a querer expressá-la de uma forma muito mais negativa para o outro e para elas mesmas. 

Portanto, o ideal é não reprimir, mas sim procurar entender e compreender essa emoção da criança.

É importante saber como seu filho(a) se sente no meio desse turbilhão de sensações e emoções causadas pela raiva .  

Muitas vezes elas se sentem tristes, envergonhadas, sobrecarregadas, furiosas e tentam pedir ajuda através da maneira que conseguem. 

Vamos ver a seguir alguns passos para ajudar a compreender a raiva, usando a comunicação não violenta:

Até o momento esses passos são trabalhos internos, com você adulto ou com a criança, de tomar consciência sem colocar a culpa no outro.

Crianças dificilmente conseguem realizar esse trabalho de tomada de consciência sozinhas e precisam muito do adulto para isso. Você adulto é quem irá conduzir a criança para que ela perceba quais são as necessidades que aquele comportamento de raiva dela está querendo expressar.

E para isso, é preciso identificar qual o código, qual a mensagem que a criança está passando a você com aquela raiva e mostrar a ela, como por exemplo:

“Papai entende que você está com muita raiva por não poder assistir o desenho agora e precisamos jantar. Que tal jantar e continuar assistindo depois?” 

  1. Revelamos qual foi o estímulo/gatilho que gerou conflito com as necessidades que estava em busca;
  1. Depois expressamos o que estamos sentindo;
  2. E por fim, expressamos qual era a necessidade que não foi atendida. 

 E aqui também, no quarto passo, nós adultos, temos que auxiliar as crianças a como se expressarem, a perceberem de que forma elas estão se sentindo.

Mas como podemos fazer isso? 

Na grande maioria das vezes, ajuda trabalhar e mostrar as emoções de maneira lúdica, com cartinhas e jogos e aqui logo abaixo, vou deixar para vocês duas dicas muito funcionais para ajudar a acalmar os filhos(as). Lá no meu canal no Youtube, vocês também encontram muitas dicas acerca de como trabalhar as emoções com as crianças.

Mas o que posso colocar nesse Cantinho da Calma? Objetos que não quebrem, macios, por exemplo, almofadas, tatame de EVA colorido pelo chão, livros, pelúcias, entre outros estímulos positivos para a criança. A sugestão é pedir que a criança lhe ajude a escolher o que faz sentido para ela e como montar o cantinho.

Além disso, é importante que ele fique constantemente montado e que você adulto, conduza a criança com calma para esse local, usando falas não punitivas, como por exemplo:

“Você está muito nervoso e com muita raiva e a mamãe também. Vamos nos acalmar no cantinho da calma e depois conversamos e resolvemos isso”

O ideal é que a criança crie o hábito de ir sozinha até seu espaço da calma, mas vocês podem conduzi-la até que ela se acostume e consiga ir sozinha até lá.

Abaixo, vou deixar um texto meu escrito para o site “Descobrindo Crianças”, com muitos detalhes sobre o assunto e bem explicadinho o como fazer:

Outra forma de auxiliarmos as crianças em seus momentos de raiva para se autorregularem, é a roda de escolhas da raiva. Vamos ver como fazê-la?

 Como seria essa Roda da raiva? Ela é como um gráfico de pizza, dividido em fatias e cada fatia representa uma forma que a criança pode utilizar para amenizar a raiva e expressá-la de uma maneira mais saudável, como por exemplo: 

Essa Roda de escolhas da Raiva pode ser colocada em vários lugares da casa, como por exemplo, no quarto do filho(a), no banheiro, no cantinho da calma, na sala, ou seja, nos lugares em que a família observe que possam ocorrer mais crises de raiva em que o uso da roda seja necessário.

No decorrer dos dias, sempre que ocorrer alguma situação em que a criança se encontre em um momento de raiva, o intuito é que no começo os pais mostrem as opções de recursos que foram escolhidos por ela na roda para que ela escolha o que vai querer utilizar ao invés de gritar, bater, jogar objetos,etc… 

Mas, o ideal, é que ao longo do tempo, a própria criança consiga se regular sozinha sempre que se sentir frustrada com alguém ou alguma situação, escolhendo ela mesma alguma opção da roda que queria utilizar.

É importante estarmos emocionalmente conectados com as crianças, principalmente, quando estamos no processo de educá-las. 

Sem conexão, dificilmente nós conseguimos gerar reflexões e promover mudanças no comportamento da criança, especialmente nos momentos de desregulação e raiva.

Quanto mais calmo, você adulto, pai e mãe estiverem, mais facilmente vocês conseguirão auxiliar a criança a se acalmar também. Procurem vocês também serem modelos do que trabalham com as crianças.

Tenham seu próprio espaço da calma e olhem muito para a raiva de vocês quando se desregulam e sentem raiva e descontrole diante de uma crise com os/ as filhos(as) de vocês.

A raiva que vocês sentem, diz mais a respeito de vocês, do que sobre o comportamento deles. 

Vamos começar a mudar nosso olhar para a raiva e ensinar as futuras gerações a conseguirem vivenciá-la de uma forma menos violenta e mais produtiva!

Um mundo que começa a viver uma nova guerra – precisa cada vez mais e de forma urgente, que a visão da raiva seja modificada, proporcionando mais paz e menos violência para as futuras gerações.

Espero que gostem e consigam colocar em prática! Quando fizerem, deixem nos comentários, como foi por aí colocar as dicas no dia-a-dia de vocês.

 REFERÊNCIAS:

* escrito por Renata Lela Psicóloga (06/68519) e Sarah Ramalho (estagiária em psicologia clínica).

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