Quando chega o mês de Dezembro, logo reflete sobre nós uma áurea de sonhos em que até os adultos voltam a sentir o gostinho do universo da fantasia novamente.
Mas de que forma a fantasia auxilia no desenvolvimento infantil?
O espírito natalino que alguns de nós carregamos desde bem pequenos, quando a sementinha da fantasia e da crença no Papai Noel, na Fada do Dente e no Coelhinho da Páscoa foram plantadas pelos adultos, para criar a esperança de uma época do ano repleta de magia, acende junto com as luzinhas e adornos que começam a aparecer nas casas e ruas das cidades.
Mas muitos questionamentos também começam a aparecer por parte dos pais em saber se realmente é positivo para a criança acreditar nesses personagens e começam algumas divergências de opinião, com alguns dizendo que pode ser negativo a crença, porque acaba sendo uma mentira para as crianças.

Vamos entender um pouco sobre isso e sobre o porquê a fantasia não somente é importante, como é algo que devemos sim incentivar nas crianças?
O universo imaginário auxilia na compreensão das crianças sobre o mundo, já que elas ainda são incapazes de diferenciar e compreender o que é real.
Quando essas histórias são apresentadas a elas, os personagens como Papai Noel, Fada do Dente, Coelho da Páscoa, entre outros, ajudam a torná-las mais esperançosas, criativas, otimistas e confiantes para encarar os obstáculos da vida.
“Imaginação s. f. ( lat. imaginatio, imaginationis). 1. Faculdade que permite elaborar ou evocar no presente, imagens e concepções novas, de encontrar soluções originais para problemas. 3. Faculdade de inventar, criar, conceber”.
(Dicionário CULTURAL. 1992 p. 604)
Quando crescem em um ambiente encorajador e esperançoso, as crianças se tornarão entusiastas e com maior tendência ao otimismo e crenças positivas sobre si e sobre os outros e o mundo que as cerca, por isso, é muito importante apoiar a fantasia em suas brincadeiras e conceitos.
Os pais ou cuidadores devem contar a história desses seres imaginários com o objetivo de desenvolver a imaginação da criança e ampliar as experiências, estabelecendo uma ligação entre a realidade e a ficção.
“No espaço sobrenatural não existe tempo real, tudo acontece de repente e justamente, com total arbítrio do acaso. Os personagens existem, mas não foram criados por leis humanas. São, antes, fenômenos naturais. Por isso são seres encantados”.
(MACHADO, 1994, p. 43)
Existem muitas formas de estimularmos a fantasia e o simbólico na criança e nos jovens.
Podemos utilizar histórias com personagens e contos de fada, fantasias e brinquedos, teatros, jogos, desenhos, filmes, enfim, tudo que associe o lúdico e o brincar que sabemos ser a linguagem da criança ao imaginário e à fantasia.
Os jovens costumam buscar estimular a sua criatividade, nos diversos tipos de hobbies como, jogos, vídeo games, livros, teatros, filmes, entre muitos outros.
As histórias e brincadeiras, além do incentivo aos personagens como o Papai Noel, devem estimular a inteligência, a afetividade, a emoção, auxiliando no crescimento integral da criança, proporcionando conhecimento de si e do mundo.
Através da imaginação, conexões cerebrais são construídas, caminhos de circuitos no cérebro são formados quando as crianças e os jovens descobrem, analisam e influenciam através do lúdico, suas crenças e sua forma de ver a vida.
Ao incentivar a criança e o jovem a usar e exercitar a capacidade imaginativa e a fantasia, estimulamos sua liberdade de expressão, seus desejos, medos e esperanças.
Mas, vamos conversar um pouquinho sobre a hora de contar a verdade para a criança. Quando será que é o momento de contar a verdade para ela?
A melhor forma de abordar esse assunto é respeitando o tempo da criança e permitindo que a curiosidade venha a partir dela mesma e o adulto esteja ali para responder todas as dúvidas e questões que ela venha a ter.
Com essas dúvidas surgindo, pode ser que a própria criança descubra sozinha, mas o importante é que os pais tenham uma conversa com os filhos para explicar que o intuito era que essas figuras lúdicas fossem algo afetivo e um apoio para o desenvolvimento dela.
Abaixo, seguem algumas formas para contar de forma lúdica para a criança, sem perder a magia e a conexão com o afeto e o carinho, quando elas já estiverem começando a demonstrar que estão percebendo a verdade:
- Fazer uma carta dentro do presente no Natal como se fosse o Papai Noel enviando para a criança, explicando quem compra os presentes de verdade;
- Fazer questionamentos juntamente com a própria criança sobre quais tem sido as percepções dela para que você perceba o que ela já sabe e o que ela ainda não sabe;
- Na Páscoa, fazer ovinhos como se fosse o Coelhinho da Páscoa entregando, e dentro dos ovos, colocar recadinhos, explicando quem compra os ovos, a importância da imaginação e daquela fantasia de forma bem carinhosa;
- Fazer uma carta como se fosse a Fada do Dente enviando para a criança, explicando o que de fato acontece com o dente dela.
Uma coisa bem importante é que o adulto, sempre possa tomar o cuidado de conversar com os filhos mais velhos, para que os mesmos tentem não contar a verdade para os irmãos mais novos e procurem respeitar o irmão e a crença dele e para que cada um, possa ter o seu tempo de lidar com as descobertas.
Outra coisa que não é bacana é condicionar a vinda do Papai Noel ou do Coelhinho com o comportamento da criança, para não transmitir a visão de punição ou algo negativo com essas figuras que devem trazer algo positivo como falamos acima.
Além disso, como vocês já devem estar vendo em meus textos e minhas redes, temos inúmeros estudos que hoje já comprovam que outras maneiras de lidar com o mau comportamento da criança, são muito mais eficazes do que a punição em si.
E assim, vamos seguindo, do Natal para a Páscoa, para o dente que cai, para os contos de fada e dessa forma, deixamos a vida um pouco mais leve.
Fortalecemos circuitos importantes para o futuro, onde essas crianças irão, dentro de um mundo real, precisar criar soluções e estratégias, não somente para seus problemas, mas também para os problemas de seus locais de estudo, de trabalho, de convivência com outros.
Vamos permitir que eles sejam crianças e acreditem enquanto a mente precisa dessas crenças para que possam se fortalecer como indivíduos e deixemos a realidade para o momento que a vida assim exigir.
E por aí? As crianças acreditam em Papai Noel? Como foi que descobriram a verdade? Comente comigo ou vá lá no Youtube ver meus vídeos durante o mês de Dezembro, onde falarei sobre esse tema e deixe seu comentário por lá.
Por Renata Lela Psicóloga – CRP: 06/68519 e Sarah Ramalho – Estagiária em Psicologia Clínica
Referência bibliográfica das citações:
RESSURREIÇÃO, Juliana Boeira da. A importância dos contos de fadas no
desenvolvimento da imaginação. 2005. Disponível em:
http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/ensiqlopedia/outubro_2010/pdf/a_importanci
a_dos_contos_de_fadas_no_desenvolvimento_da_imaginacao.pdf