Um dos conceitos-chave da Disciplina Positiva é a gentileza e a firmeza ao mesmo tempo. Gentileza é essencial pelo respeito. Firmeza é necessária para demonstrar afeição por nós mesmos dependendo das situações. Quando abordamos os estilos parentais no texto do mês anterior, falamos sobre o estilo parental autoritário, no qual geralmente falta a gentileza, sobre o estilo permissivo, onde falta a firmeza e sobre o estilo negligente, onde geralmente, faltam os dois, a firmeza e a gentileza.
Mas afinal, por que o Estilo Parental Participativo/Firme e Gentil é o melhor para educar seu filho(a)?
Ser gentil significa mostrar respeito pela criança e validar seus sentimentos, por exemplo: “Eu consigo ver que você está decepcionado (magoado, bravo, triste)”. Dessa maneira, mostramos para a criança que acreditamos que elas são capazes de sobreviver às decepções e desenvolver habilidades.

Agora vamos pensar sobre a firmeza. A maioria dos adultos está acostumado a pensar que firmeza é sinônimo de punição, sermão ou controle. Mas, firmeza quando combinada com gentileza, expressa consideração pelos pequenos, por nós mesmos e pelo contexto geral. Esse é o melhor estilo parental, pois os pais apresentam um alto nível de exigência quanto à responsividade. São pais que exigem a obediência de regras e mantêm a autoridade, mas também são abertos para as trocas com seus filhos, fazendo muito uso de explicações e permitindo o desenvolvimento da autonomia dos filhos.
Os pais participativos consideram os sentimentos e opiniões das crianças, fazendo-os participar de decisões e escolhas. Demonstram orgulho e dispõem de tempo para a família.
Mas, como serão os impactos desse estilo parental para as nossas crianças?
Os filhos de pais Gentis e Firmes entendem o respeito mútuo e as consequências do seu comportamento, as responsabilidades no processo e, sobretudo, sentem-se valorizados, amados e gostam da vida. Pesquisas revelam melhores resultados em relação à autoestima elevada, otimismo, altas habilidades sociais e percepção de autoeficácia, e por outro lado, apontam baixos índices de estresse e depressão
Se é o melhor estilo, por que muitos pais não o utilizam? Na verdade, a maioria deles têm dificuldade em ser gentis e firmes, pela razão de não saberem como operar o conceito de gentileza e firmeza, ou até mesmo, pelo fato da palavra gentileza ser confundida com permissividade e com o deixar a criança dominar a situação.
Os adultos acabam ficando presos no fato de serem muito firmes quando estão irritados, e depois serem gentis em excesso para compensar a firmeza. Isso é familiar?
Quando vamos impor limites aos nossos filhos, muitos pais decidem quais deveriam ser as barreiras.
Mas, qual o propósito dos limites? Manter as crianças protegidas e socializadas, concordam?
Portanto, ao invés de impor os limites sobre elas, vocês podem discutir juntos quais deveriam ser os limites para algumas situações, por exemplo: ver televisão, hora de dormir, lição de casa, arrumar a cama, entre muitas outras.
Inclua as crianças nas discussões sobre a importância dos limites, como eles devem ser e como todos devem ser conscientes, e o mais importante, escutem as opiniões deles.
Combinem juntos as consequências que irão acontecer caso o que foi combinado não aconteça.
Crianças são mais propensas a respeitar quando se sentem respeitadas.
E se o limite for ultrapassado mesmo assim? E convenhamos que ele vai ser, afinal são crianças. O que fazer?
- Não dê sermão;
- Não aplique punição;
- Evite apontar os erros;
- Faça perguntas que estimulem a curiosidade:
– O que houve?
– Por que você acha que isso ocorreu?
– Que ideias você tem para resolver esse problema?
– O que você aprendeu que pode ajudá-lo na próxima vez?
Alerta! crianças que estão acostumadas com sermões ou punição podem responder “Eu não sei.” E precisar de mais estímulos e paciência da parte dos adultos.
Uma maneira de ajudar crianças e pais a se comunicarem com efetividade é ter reuniões familiares regulares, em que todos tenham a oportunidade de falar e escolher as soluções juntos.
O estilo Participativo ajuda as crianças a sentirem que são aceitas e relevantes. A aceitação e importância são objetivos primários de todas as pessoas, especialmente as crianças.
Pense em você como adulto no seu ambiente de trabalho. Você se sente valorizado quando tem uma boa ideia que é valorizada e aplicada por seus diretores e colaboradores?
Você sente que foi ouvido e que sua opinião tem importância?
Então, isso também acontece com a criança! Assim como, aprendizados mais frequentes e mais eficazes são desenvolvidos quando as crianças aprendem em um ambiente de cooperação e de respeito, sem agir apenas pelo medo e por ameaças ou punições.
Punições geram medo e não aprendizado! Respeito e gentileza geram aprendizado e modelo de ação colaborativo e respeitoso da criança com as pessoas com as quais ela se relaciona.
Agora que você já conheceu os quatro estilos parentais e que já entendeu as consequências deles no comportamento das crianças e adolescentes, ficou claro para você qual deles é melhor que você comece a trazer para a sua vida e para a sua relação com seus filhos/as?
Mesmo que você tenha sido educado por um pai ou mãe ou até mesmo um cuidador que tenha escolhido um outro estilo parental não tão eficaz, pode estar em suas mãos romper esse ciclo e levar para seu filho ou filha mais respeito e mais gentileza, que podem servir de guia para que eles também eduquem as futuras gerações e assim, todos nós, contribuiremos para um mundo melhor!
Um mundo com menos violência e com mais afeto, conexão, empatia e respeito nas relações!
Que tal? Vamos tentar?
*Texto Escrito pela Psicóloga Renata Lela – CRP: 06/68519 e pela estagiária em Psicologia Clínica Sarah Letícia Ramalho.
REFERÊNCIAS:
- WEBER, Lídia. Eduque com carinho. Curitiba: Juruá, 2012.
- NELSEN, Jane. Disciplina Positiva. 3.ed. Barueri, SP: Manole, 2015.
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